Na
última semana, o governo federal anunciou um conjunto de medidas com o objetivo
dar fôlego à concessão de empréstimos para a compra da casa própria.
Mas, segundo analistas, o pacote de ajuda ao setor imobiliário não deve ajudar muito quem pretende
financiar um imóvel.
A liberação de 22,5 bilhões de reais
em recursos da poupança para uso no crédito imobiliário, além dos 5
bilhões de reais para trabalhadores que têm conta do FGTS há
mais de três anos financiarem imóveis de até 400 mil reais, devem apenas
permitir que os bancos continuem a conceder empréstimos. O rigor na concessão
do financiamento e as taxas de juros elevadas devem se manter, de acordo com
especialistas.
Segundo Karina Freitas, analista chefe
da corretora Concórdia, as recentes elevações das taxas de juros aumentam os
custos de captação dos recursos para os bancos. "O aumento do desemprego e
a piora da economia também deixam as instituições financeiras mais cautelosas
por causa do aumento da inadimplência".
Saldo negativo
Nos cinco primeiros meses do ano, o
saldo da poupança ficou
negativo em 32,28 bilhões. Como a caderneta é a principal fonte de
financiamento imobiliário do país, a Caixa, que detém 70% do mercado de crédito para a compra
da casa própria, chegou a suspender a concessão de novos empréstimos por conta da falta de recursos.
Para Marcelo Prata, diretor do Canal do Crédito, site que compara
financiamentos imobiliários, os recursos adicionais anunciados pelo governo
servirão apenas para que a Caixa possa honrar os financiamentos que já estão em
andamento. "O banco público deve continuar a ficar de fora das opções de
financiamento buscadas pelos consumidores enquanto o saldo da poupança
continuar negativo."
Já os bancos privados e o Banco do
Brasil continuarão a conceder empréstimos nas condições atuais, diz o diretor
do Canal do Crédito. "Ou seja, quem tiver um bom histórico de crédito irá
conseguir obter o financiamento, mas com as taxas mais altas".
O principal foco das medidas
anunciadas pelo governo na última semana, aponta Prata, é auxiliar mutuários
que já adquiriram imóveis na planta a obter crédito nos bancos após a entrega
das chaves, assim como as construtoras, que corriam o risco de não finalizar
empreendimentos por conta da escassez de financiamento para a conclusão das
obras.
Momento é de cautela
O montante de recursos adicionais
anunciados pelo governo para o crédito imobiliário é equivalente ao valor dos
financiamentos concedidos no primeiro trimestre desse ano, diz Prata. "Ou
seja, os efeitos das medidas são limitados e devem durar apenas alguns meses,
dependendo da demanda dos consumidores por crédito".
Como as restrições nos financiamentos
imobiliários reduzem a demanda pela aquisição de casas e apartamentos, o
momento pode ser bom para negociar descontos nos preços das unidades, de acordo
com o presidente do Canal do Crédito. "Quem conseguir obter um
financiamento pode realizar bons negócios agora. O desconto no preço do imóvel
pode compensar o aumento dos juros".
Por outro lado, o momento não é
favorável para o financiamento da casa própria caso o consumidor esteja
inseguro em relação ao seu emprego, diz Prata. "Nesse caso, pode ser
melhor adiar a contratação de uma dívida longa como o financiamento imobiliário
para evitar um eventual descontrole do orçamento".
Fonte: Marília Almeida, Exame
Nenhum comentário:
Postar um comentário